por Alessandro Atanes
Prova de que a ficção literária pode se manifestar para além do suporte livro é À deriva, um audiotour ficcional que começou no Sesc no último sábado (15). A experiência consiste em o audioturista, a partir da área de convivência do Sesc e com um tocador de MP3 no bolso, seguir a história e as instruções narradas.
Logo no início, isolado do mundo exterior pelos fones de ouvido, o audioturista é levado para uma paranóica história de teoria da conspiração, em que ocorre o desaparecimento de um urbanista, Walter Hiroshi, autor de um projeto criado para garantir a manutenção da qualidade de vida em Santos mesmo com a chegada de milhares de trabalhadores desde as descobertas do petróleo e gás.
A trama começa com o desaparecimento de Hiroshi e o narrador convida o audioturista a procurar pistas pelo Sesc e pelas imediações do bairro Aparecida em um enredo permeado de informações históricas, além de poesias de Roldão Mendes Rosa e Narciso de Andrade.
O bairro da Aparecida é o espaço da trama do audiotour ficcionalÀ deriva é uma co-produção de BiNeural-MonoKulttur e Difusa Fronte(i)ra. O roteiro, a direção e o conceito da idéia são de Ariel Dávila e Christina Ruf; música, som e edição de Guillermo Ceballos; produção e tradução de Felipe Gonzalez; grupo criativo que fabulou uma história fantástica a partir de informações históricas e literárias da cidade (algumas repassadas por mim). Os narradores são Daniel Lopes e Simone de Melo, outros dois nomes santistas.
* Alessandro Atanes, jornalista, é mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Servidor público licenciado do município de Cubatão, presta serviços de assessoria de comunicação ao Sebrae-SP. alessandroatanes@correios.net.br